terça-feira, 12 de maio de 2015

Caçadores do Kikito perdido

Respeita o Fordão!




O suor escorria por sua testa, seus olhos estavam apenas concentrados no alvo a sua frente: um kikito dourado em cima de um pedestal, que se iluminava pelos feixes de luz que adentravam nessa parte da caverna. Sua mão segurava firmemente um pequeno saco de areia, sua respiração era intensa, ofegante. Tinha apenas uma chance de trocar o kikito pelo saco, sem ativar o mecanismo sob o qual tinha sido colocado, que iria ativar algum tipo de armadilha.
Esse tipo de lugar é propício a armadilhas, mal iluminado, úmido, fechado... e claro um ou outro esqueleto empalado em hastes que saiam das paredes, ajudava bastante a crer nisso.
Fez uma última estimativa de peso no saco, pegou um punhado de areia de dentro dele e jogou fora, respirou fundo. Colocou a mão levemente sobre o kikito, e com uma agilidade felina trocou o kikito de lugar com o saco. Ao ver que nada aconteceu, um suspiro de alívio substitui seu semblante fechado, mas sua alegria durou literalmente o tempo de um suspiro.
O saco de areia começou a afundar no pedestal, ativando o mecanismo da armadilha. No mesmo instante as paredes começaram a tremer e o teto a desmoronar. Com o kikito debaixo do braço, sendo besuntado de suor de seu sovaco, apertou bem o chapéu em sua cabeça e saiu correndo. Flechas eram disparadas de ambos os lados das paredes enquanto corria.
Conseguiu sair por um corredor estreito, continuou correndo ainda sentindo a vibração da estrutura de todo o lugar. Ao fazer uma curva quase caiu num fosso, fez um breque violento, quase deixando cair o kikito. Deu alguns passos pra trás, olhou pra frente, e foi neste instante que percebeu: a passagem a sua frente estava se fechando por uma massiva pedra retangular. Respirou fundo e correu para saltar, seus pés tocaram a ponta do solo do outro lado da beirada mas teve que se segurar nos cipós que desciam do teto para não voltar pra trás. A pedra ia descendo e estreitando cada vez mais sua passagem, retomando o equilíbrio deu um grande impulso pra frente e se jogou no chão, rolando pela fresta que restava.
- Ah finalmente... agora tá de boa, o pior já deve ter passado – levantou e bateu a poeira do corpo – e tudo isso por esse kikito, se ainda fosse o troféu imprensa eu até entendia...
O monólogo sem sentido do nosso protagonista é interrompido por um barulho vindo da parte superior do ambiente aonde uma imensa esfera vinha rolando em sua direção. A esfera por sua vez destoava um pouco do ambiente, sendo branca, feita de metal e já um pouco destruída. A única opção que tinha era correr, não havia espaço para se esconder.
Com o kikito firme em uma mão e segurando seu chapéu na cabeça com a outra, ele saiu desembestado com aquela grande esfera vindo em seu encalço. A saída estava próxima, a esfera também...
Com um último sprint chegou à saída e se jogou para o lado, a esfera passou logo em seguida e deu de encontro com uma rocha uns dois metros mais a frente e se espatifou. De dentro dela emergiu para a luz do dia uma lata de lixo branca com detalhes azuis, luzes piscando e fazendo barulhos engraçados. Parecia vindo de outra realidade que não a sua, nunca tinha visto algo daquele tipo.
Aproximou-se cuidadosamente daquela estranha lixeira. Ao chegar mais perto ela parou de fazer barulhos, quando ia tocá-lo com a ponta dos dedos, um holograma se materializou projetado da lixeira. Mais estranho que isso, foi no holograma aparecer uma mulher com um penteado de dois coques laterais, que pareciam grandes fones de ouvido, dizendo:
- Seu safado!! Achou que eu não ia te reconhecer só porque botou um chapéu e se sujou um pouquinho??? Aqui não é bagunça não, se não voltar a-go-ra vai ter que se entender com meu pai!! Se ele quiser, faz você casar A FORÇA!
- Mas eu não conheço vo...
- Não vem com esse papinho pra cima de mim!!! E devolve esse maldito kikito!! Ele pertence a Rainha Axux ,do planeta Soh Nixiab, se ela descobrir que você profanou o templo dela e roubou o kikito ela pousa com uma nave em chamas na sua cabeça.
- Não tô entendendo nada.. isso é algum tipo de gravação?
- Sim.
- Ah... então como você consegue me responder???
- Homens... em qualquer lugar da galáxia são sempre tão previsíveis...

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